quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Niilismo e Super-homem

Tudo não tem sentido. Este é o aspecto fundamental para a compreensão do niilismo. Do latim nihil (nada), enquanto termo, o niilismo surge na literatura russa do século XIX para designar uma espécie particular de homem: o negador de valores, o que nada respeita. Porém, com Nietzsche, a questão alarga-se, ganhando as mais variadas formas revelando sua expressão e força, sendo considerado um problema e uma marca do mundo contemporâneo. Nesse escopo, o niilismo configura-se como o responsável pela fragilidade dos princípios racionais que definem o mundo, sob a pretensão de explicitar que as bases dos valores socioculturais mostraram-se ser nada. Em Nietzsche o niilismo ganha a mais alta expressão filosófica sob seus estados psicológicos reconhecidos pelo filósofo como condição existencial. Portanto, na visão de Nietzsche o homem é existencialmente niilista. Sua posição frente ao niilismo se apresenta ainda sob o aspecto da multiplicidade de força da Vontade de Poder em vias passiva e ativa, sendo esta última privilegiada por Nietzsche por assumir-se enquanto força destrutiva dos valores. É o momento histórico em que o homem reconhece explicitamente a ausência de fundamento quer moral quer existencial. Nessa ótica, Heidegger coloca a questão do nada como a redução do ser a valor; isto permite encontrar o elo com a sentença da “morte de Deus” profetizada por Nietzsche. Portanto, a sentença nietzschiana remete à compreensão do que se configura o cerne do movimento niilístico-histórico apregoado na ruína dos valores supremos (Deus). Tal expressão denota a derrocada de mais de dois mil anos de mentira a que se subjugara o ocidente. Ora, com a desvaloração dos valores supremos (Deus) os homens vêem-se carecidos de finalidade para sua existência; e, por conseguinte a vida torna-se sem sentido. Contudo, no “Zaratustra”, Nietzsche esboça sua “ateologia” de modo alegórico ensinando o surgimento do super-homem. Para tanto, Zaratustra proclama não apenas a “morte de Deus”, mas o advento da aurora dos filósofos, ou seja, o domínio do super-homem como o sentido da terra. Nietzsche procura estabelecer o super-homem como o futuro do homem, pois, passaria, volitivamente, a ser tido como tal por estar na posição determinante da Vontade de Poder. Zaratustra ama àqueles que não procuram além das estrelas uma razão para sucumbir e serem sacrificados; mas que sucumbem à terra para que ela seja um dia do super-homem. Agora, todos os deuses morreram; que viva o super-homem!