sexta-feira, 16 de maio de 2014

Idade Média, Idade das Trevas. Será?


Mil anos de história! Esse é o tempo em que podemos esquadrinhar o período medieval comumente aceito entre os historiadores. E o que podemos dizer desse longo período de nossa história ocidental?
Temos, entre nós, um conceito pré-estabelecido desse período devido à maneira como, muitos de nós, aprendemos na escola, ou seja, uma aprendizagem em que coloca o medievo como um período prejudicial às ciências técnicas ou até mesmo que deva ser esquecido, devido ao teocentrismo vigente nessa época. Porém, talvez o caro leitor esteja usando uma das invenções dessa era que é tida como negra por alguns para melhor ler estas palavras, a saber, os óculos. Este criado pó um membro do clero e pertencente
Óculos: uma invenção Medieval 
à Ordem dos Pregadores (Dominicanos), Giordano de Pisa. No entanto, não quis compartilhar os segredos de tão grande invento; Sendo copiado, só pela observação, por um confrade que de imediato ensinou aos outros monges. Ou ainda tem sobre a mesa um livro de Aristóteles ou as Sagradas Escrituras que chegou até nós graças ao trabalho árduo de um copista. Ou ainda vislumbrou belas igrejas e conventos, a exemplo dos deixados pelos frades franciscanos, e Mosteiros Beneditinos presentes na Paraíba e em Pernambuco.
Monge copista
Mas não só de mosteiros se compreende esse milênio ocidental. Assim, um conceito bastante caro para a compreensão da Idade Média, frente ao conceito pejorativo de trevas, é o feudalismo, isto é, um modo de produção econômico-político-social predominante entre os séculos V ao XV.
É uma sociedade complexa, e o mínimo de preconceito pode inviabilizar sua compreensão de modo satisfatório.
Como sociedade, as várias atividades político-econômicas tinham uma característica marcante, inclusive com rastros de semelhanças desses modos de convivência encontrados no nordeste de nosso país.
Servos trabalhando na colheita
de trigo (começo do século XIV)
A relação entre o senhor e seus servos não se pode ponderar aos modos das relações trabalhistas atuais; pois aquele tinha uma ligação de serviço e de guarda com estes. O feudo era o lugar onde tudo se produzia. Dentre as formas de relações está o comitatus que é uma relação da sociedade feudal entre o suserano e o vassalo baseado na honra e lealdade; onde a economia agrária e autossuficiente de subsistência regia o controle da gleba do senhor através do rodízio no uso destas. Como também era usual a prática da talha, corveia e banalidades configuravam as principais obrigações dos servos na época do feudalismo, ou seja, um modo de vida em que os servos estavam presos às terras dos senhores feudais e mesmo os camponeses e vilões proprietários de terras tinham com o senhor feudal. Muito diferente da economia de caça dos séculos anteriores ao medievo; um avanço no processo de estabilidade da vida num espaço de terra.
E é em busca de terra e de fieis que a maior força existente da época dá início a uma nova página, sangrenta, mas sob a Cruz da fé Católica e o tremular das bandeiras militares da cavalaria sob a unção divina. Um dos pontos marcantes e que evoca decerto o nosso tema, as cruzadas.
Papa Urbano II enviando cavaleiros
 para a Cruzada
Em 1905 o papa Urbano II convocou tais expedições com o intuito de retomar a Terra Santa dos muçulmanos. Todavia, a Igreja não era a única interessada no êxito dessas expedições: os nobres feudais tinham interesse na conquista de novas terras. Dos castelos, que eram mais uma fortificação militar a um encantamento romântico, os Bispos da Igreja através de uma benção aos cavaleiros e suas armaduras repletas de rituais de investidura, enviavam suas tropas com o juramento de lutar pelo Reino da Igreja que é a glória do Reino de Deus.
Foi com Carlos Magno em 768, que a dinastia carolíngia alcançou o apogeu da dominação dos bárbaros francos. Na formação do império organiza os domínios imperiais em condados geridos por um nobre e um bispo. Essa administração de governos locais sob um único comando imperial ia de encontro ao processo de descentralização política que marcou toda a Europa Medieval. Entretanto, sob o aspecto econômico o império contou com várias feiras e pequenos comércios nos novos centros urbanos. Com esse cenário de crescimento, esse período ficou conhecido como “renascimento carolíngio” devido às várias igrejas construídas e obras de escritores Greco-romanos traduzidas e a ourivesaria devido à sua paixão pelas artes. Um brilho na ascensão medieval da sociedade europeia.

 Desse modo, tentamos aqui expor alguns fatos desse período para que o nosso leitor, mais atento aos acontecimentos histórico-sociais, busque um aprofundamento maior sobre o tema proposto e tire suas conclusões daquele que fora considerado um tempo improdutivo ou negro para o avanço da sociedade ocidental. Será que devemos algo a esse período? Se olharmos à nossa volta, ao fim deste texto, e analisarmos se algo nos evoca àqueles séculos, teremos, de certo, uma resposta à indagação titular proposta; Pois, parafraseando um texto copiado nessa época, nem só de trevas vive a Idade Média, mas de toda boa invenção e belas obras.