Mil anos de história! Esse é o tempo em
que podemos esquadrinhar o período medieval comumente aceito entre os
historiadores. E o que podemos dizer desse longo período de nossa história
ocidental?
Temos, entre nós, um conceito pré-estabelecido
desse período devido à maneira como, muitos de nós, aprendemos na escola, ou
seja, uma aprendizagem em que coloca o medievo como um período prejudicial às
ciências técnicas ou até mesmo que deva ser esquecido, devido ao teocentrismo
vigente nessa época. Porém, talvez o caro leitor esteja usando uma das invenções
dessa era que é tida como negra por alguns para melhor ler estas palavras, a
saber, os óculos. Este criado pó um membro do clero e pertencente
à Ordem dos
Pregadores (Dominicanos), Giordano de Pisa. No entanto, não quis compartilhar
os segredos de tão grande invento; Sendo copiado, só pela observação, por um
confrade que de imediato ensinou aos outros monges. Ou ainda tem sobre a mesa
um livro de Aristóteles ou as Sagradas Escrituras que chegou até nós graças ao
trabalho árduo de um copista. Ou ainda vislumbrou belas igrejas e conventos, a
exemplo dos deixados pelos frades franciscanos, e Mosteiros Beneditinos
presentes na Paraíba e em Pernambuco.
![]() |
| Óculos: uma invenção Medieval |
![]() |
| Monge copista |
Mas não só de mosteiros se compreende
esse milênio ocidental. Assim, um conceito bastante caro para a compreensão da
Idade Média, frente ao conceito pejorativo de trevas, é o feudalismo, isto é,
um modo de produção econômico-político-social predominante entre os séculos V
ao XV.
É uma sociedade complexa, e o mínimo de
preconceito pode inviabilizar sua compreensão de modo satisfatório.
Como sociedade, as várias atividades político-econômicas
tinham uma característica marcante, inclusive com rastros de semelhanças desses
modos de convivência encontrados no nordeste de nosso país.
![]() |
| Servos trabalhando na colheita de trigo (começo do século XIV) |
A relação entre o senhor e seus servos não
se pode ponderar aos modos das relações trabalhistas atuais; pois aquele tinha
uma ligação de serviço e de guarda com estes. O feudo era o lugar onde tudo se produzia.
Dentre as formas de relações está o comitatus que é uma relação da sociedade
feudal entre o suserano e o vassalo baseado na honra e lealdade; onde a
economia agrária e autossuficiente de subsistência regia o controle da gleba do
senhor através do rodízio no uso destas. Como também era usual a prática da talha,
corveia e banalidades configuravam as principais obrigações dos servos na época
do feudalismo, ou seja, um modo de vida em que os servos estavam presos às
terras dos senhores feudais e mesmo os camponeses e vilões proprietários de
terras tinham com o senhor feudal. Muito diferente da economia de caça dos
séculos anteriores ao medievo; um avanço no processo de estabilidade da vida
num espaço de terra.
E é em busca de terra e de fieis que a
maior força existente da época dá início a uma nova página, sangrenta, mas sob
a Cruz da fé Católica e o tremular das bandeiras militares da cavalaria sob a
unção divina. Um dos pontos marcantes e que evoca decerto o nosso tema, as cruzadas.
![]() |
| Papa Urbano II enviando cavaleiros para a Cruzada |
Em 1905 o papa Urbano II convocou tais
expedições com o intuito de retomar a Terra Santa dos muçulmanos. Todavia, a
Igreja não era a única interessada no êxito dessas expedições: os nobres feudais
tinham interesse na conquista de novas terras. Dos castelos, que eram mais uma
fortificação militar a um encantamento romântico, os Bispos da Igreja através
de uma benção aos cavaleiros e suas armaduras repletas de rituais de investidura,
enviavam suas tropas com o juramento de lutar pelo Reino da Igreja que é a
glória do Reino de Deus.
Foi com Carlos Magno em 768, que a
dinastia carolíngia alcançou o apogeu da dominação dos bárbaros francos. Na
formação do império organiza os domínios imperiais em condados geridos por um
nobre e um bispo. Essa administração de governos locais sob um único comando
imperial ia de encontro ao processo de descentralização política que marcou
toda a Europa Medieval. Entretanto, sob o aspecto econômico o império contou
com várias feiras e pequenos comércios nos novos centros urbanos. Com esse
cenário de crescimento, esse período ficou conhecido como “renascimento carolíngio”
devido às várias igrejas construídas e obras de escritores Greco-romanos
traduzidas e a ourivesaria devido à sua paixão pelas artes. Um brilho na
ascensão medieval da sociedade europeia.
Desse
modo, tentamos aqui expor alguns fatos desse período para que o nosso leitor,
mais atento aos acontecimentos histórico-sociais, busque um aprofundamento
maior sobre o tema proposto e tire suas conclusões daquele que fora considerado
um tempo improdutivo ou negro para o avanço da sociedade ocidental. Será que
devemos algo a esse período? Se olharmos à nossa volta, ao fim deste texto, e
analisarmos se algo nos evoca àqueles séculos, teremos, de certo, uma resposta
à indagação titular proposta; Pois, parafraseando um texto copiado nessa época,
nem só de trevas vive a Idade Média, mas de toda boa invenção e belas obras.

.jpg)


