Durante a semana que antecede a
Festa de Pentecostes segundo calendário litúrgico católico temos a Semana de oração pela unidade dos cristãos,
com a intenção de orar, rezar, mentalizar
sobre a unidade de paz e prosperidade entre as comunidades religiosas cristãs do
mundo inteiro.
No entanto, vimos por esses dias
uma enorme contradição entre os adeptos deste grupo que apregoa a paz conforme
os ensinamentos evangélicos. No interior da Paraíba, só para exemplificarmos,
vimos que um líder cristão – justamente nos dias que antecederam a Solenidade
da vinda do Espírito Santo – incitou um grupo de religiosos de sua denominação
a utilizarem crianças para a disseminação do preconceito sob a forma de
violência contra símbolos religiosos do cristianismo católico demonizando-os e
fomentando a barbárie em defesa de sua interpretação bíblica.
Os esforços para uma cultura de
paz nos parecem cada vez mais distantes quando vemos tais práticas no seio cristão.
Porém, nada há quem nos separe do amor de Deus, conforme nos indica Paulo em
sua encíclica aos romanos: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação?
A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? (Rm 8, 35). Por
isso, somos convidados a meditar mais profundamente na ação do Espírito Santo
na vida das nossas comunidades cristãs eclesiais; e encontrar um meio de
coabitar de maneira mais eclesiogênica, isto é, nascida na unidade.

É a unidade da Igreja,
querida – alvejada – por Jesus em sua oração sacerdotal (cf. Jo 17), que nos
faz pensar acerca de nossas atitudes frente aos irmãos que professam credo
diferente do nosso. Estamos sendo “UM” para que o mundo creia? Será que devemos
tolerar o outro? Não creio! Digo, não devemos tolerar, todavia, suportar, ou
seja, dar suporte ao outro para que cresçamos na unidade.
Quando dizemos que alguém tem
prática diferente da nossa, logo dizemos que “fulano não fala a nossa língua”,
isto é, não nos entendemos, não importando o quanto se discurse sobre isso. Tal
incompreensão do outro está contida no simbolismo das línguas descrito no
Gênesis, ao passo que, as línguas presentes nos Atos denotam característica
inversamente proporcional. Naquele ninguém se entendia, mas neste “Como é que
cada um de nós os ouve em sua própria língua materna?” (At 2, 8). O milagre
possivelmente está nos ouvintes que se abriram para acolher a mensagem de
unidade ofertada pelos apóstolos naquele quinquagésimo dia após vigílias de
oração. O fogo que viera sob os que permaneceram unidos em oração se apresenta
como que formas de línguas.

O fogo toma esta forma talvez para
significar esta nova visão das línguas que tem a finalidade de unir os homens
numa mesma fé e não de os separar com aquela divisão das línguas ( cf.
Gn 11, 1-9).
De fato, “existem dons diferentes,
mas o Espírito é o mesmo” (1 Cor 12, 4); Pertence à essência da vida da Igreja
haver sempre, diversidade de dons espirituais (carismas), ministérios e
operações. Toda esta diversidade e variedade de dons procede da unidade divina
e concorre para que a unidade da Igreja – um só Corpo – seja mais rica. E é
nesse espírito que devemos auscultar em nossos corações e, assim, guardar a
mensagem que somos diferentes, mas um só é o espírito de caridade, de luz, de
sabedoria e entendimento, frente à diversidade religiosa, que nos fomenta à
unidade própria da Eclésia em seu impulso inicial dado em Pentecostes – hoje.





